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Vem aí outra crise financeira. Entenda por quê

Farejando lucros rápidos, e ignorando as regras e vida das pessoas, Wall Street exibe cultura de corrupção e se mantém impune. Por David Dayen, na Alternet / Tradução Inês Castilho

O repórter financeiro da Bloomberg Bob Ivry escreveu um novo livro de entretenimento, “Os Sete Pecados de Wall Street”, que, ao invés de requentar as várias atividades ilegais que desencadearam a crise financeira, concentra-se naquilo que os bancos vêm fazendo desde a crise.

Muita coisa seria familiar aos leitores deste espaço: os delatores do Banco da América, que, instruídos a mentir a proprietários de imóveis, receberam de presente cartões de bônus para empurrá-los à execução da hipoteca; o comércio de derivativos da London Whale, que levou o JPMorgan Chase a perder mais de 6 bilhões de dólares; os bancos de investimento que negociavam commodities ao mesmo tempo em que operavam armazéns e outras instalações de commodities; e mais. Ao mesmo tempo, grande bancos continuam a gozar de subsídios sobre seus custos de empréstimo por causa da (precisa) percepção de que, na eventualidade de qualquer encrenca, serão socorridos.

Tudo indica que o problema irá se colocar em breve.

A citação de abertura do livro de Ivry é um diálogo entre Jamie Dimon e a filha: “'Pai, o que é uma crise financeira?' Sem tentar ser engraçado, eu disse: 'É algo que acontece a cada cinco a sete anos'.” Uma rápida olhada no calendário mostra que estamos a quase seis anos do estouro da bolha imobiliária e queda do Lehman Brothers.

Estaríamos então no precipício de outra crise financeira? E como seria ela?
O perigo ainda espreita o mercado hipotecário, com certeza. O mais recente esquema fique-rico-rápido, em que empresas de private equity compram propriedades hipotecadas para alugá-las, e em seguida vender títulos lastreados nos fluxos de receita do aluguel (o que parece, de modo suspeito, com os títulos lastreados por pagamentos de hipoteca, uma das causas da última crise), tem o potencial de explodir. E contínuas peripécias com documentos de hipoteca podem levar a grandes dores de cabeça. Um novo processo judicial contra a Wells Fargo revelou uma bomba: um manual passo-a-passo dirigido a advogados sobre como falsificar, sob demanda, papéis de execução de hipoteca, que poderiam colocar em dúvida a verdadeira propriedade de milhões de casas. Até mesmo hipotecas subprime estão voltando – afinal, o que poderia dar errado?

Entretanto, nesta era de mercado imobiliário bancado pelo governo, novas hipotecas aconteceram aos montes sob Fannie Mae e Freddie Mac, que os gigantes das hipotecas têm examinado diligentemente, em busca de defeitos. O resultado é que as hipotecas originadas em 2013 têm tido, de fato, um bom desempenho. Profissionais da área dizem que isso leva a um crédito "mais apertado", o pode também ser chamado de crédito "mais seguro", sem os truques e armadilhas que predaram americanos de baixa renda na última década. A legislação proposta para eliminar Fannie e Freddie poderia mudar isso dramaticamente e nos levar de volta ao show do Faroeste. Contudo, no momento o risco financeiro pode estar localizado, não nas hipotecas, mas em outro lugar.

Isso não quer dizer que as empresas de Wall Street têm sido bem comportadas. O risco é apenas mais difícil de ver, e não se pode olhar só para os bancos. Na verdade, os bancos reduziram sua participação em muitas atividades bancárias normais, deixando coisas tipo empréstimos a pequenas empresas na mão do sistema bancário paralelo.

Esta é a denominação genérica para os fundos de hedge, empresas de private equity e os negócios labirínticos que eles iniciaram para movimentar dinheiro. Tais empresas, menos reguladas, aumentaram seus negócios em 60% nos últimos cinco anos, avançando compulsivamente em empréstimos subprime a empresas que normalmente não conseguiriam crédito.
Empréstimos alavancados de forma não tradicional, emitidos para empresas que acabam endividadas, têm menos proteção aos credores e muito mais risco.

De modo geral, os credores vendem esses empréstimos nos mercados financeiros, ali onde anos de juros ultrabaixos levaram investidores a fazer qualquer negócio que lhes dê mais de dinheiro.

Assim, temos visto uma explosão em títulos de alto risco, investimentos especulativos em empresas de risco com alto retorno. Tal como aconteceu com as hipotecas subprime, esses títulos de alto risco apresentam subscrição de má qualidade, com dinheiro entregue a empresas que não deveriam, de forma alguma, obter injeção de dinheiro. Quer montar um restaurante vegan numa fazenda de gado? Uma loja de lingerie num convento? Não tem problema, o sistema bancário sombra vai financiar você!

O mercado de títulos junk dobrou para quase 2 trilhões desde 2009, levando à saída dos investidores mais cautelosos, desconfiados de que o mercado poderia se transformar rapidamente. Se as perdas aumentam e alguns dos maiores bancos-sombra tomam uma invertida, o fato de permanecerem tão interligados ao setor bancário tradicional, faz com que o risco possa se espalhar.

Os reguladores têm exibido uma vaga consciência desses pontos cegos, embora talvez seja tarde demais. Ações recentes do Federal Reserve sugerem que eles estão pensando em se proteger contra a instabilidade financeira, em meio à preocupação de que taxas de juros microscópicas e balanços expandidos alimentaram a especulação.

Além disso, a Securities and Exchange Commission (SEC) passou recentemente a olhar para os empréstimos alavancados que foram empacotados em títulos conhecidos como Obrigações de Empréstimo com Garantia Real, ou CLO. Estes CLO são negociados de forma privada entre compradores e vendedores, razão pela qual os reguladores não podem discernir se escondem riscos ou os vendedores enganam os compradores sobre os preços. Alguns deles são CLO "sintéticos" – derivados que são basicamente apostas sobre se os empréstimos subjacentes vão para cima ou para baixo, sem qualquer participação nos próprios empréstimos.

Recentemente, os bancos comerciais têm tentado obter para os CLO isenção da regra Volcker, a proibição de negociação com os fundos dos depositantes. A emissão de CLO disparou com o impulso desse lobby, e ele poderia ser a próxima artéria de Wall Street para a jogatina.

Contudo, se a SEC irá realmente aplicar leis de segurança nos CLOs e levá-los para fora das sombras, ainda não se sabe. Se a história recente é um guia, a fiscalização de derivativos sombra e fixação de preços deveria acabar com acordos desse tipo, e exigir uma verdadeira prestação de contas.

Enquanto isso, somos informados de que a economia tem pouco a temer de grandes falências bancárias. O Federal Reserve divulgou recentemente os resultados de testes de estresse nos 30 maiores bancos, e afirma que 29 deles iriam se segurar em caso de recessão profunda. Mas os testes de estresse, projetados pelos próprios bancos a ser testados em conjunto com o Fed, não medem de fato a realidade de uma crise financeira - se o fizessem, todos os bancos todos fracassariam.

Em síntese, ainda não sabemos exatamente aonde a próxima crise financeira vai surgir. Mas sabemos como as condições para futuras crises são preparadas. Quando a aplicação da lei não consegue processar Wall Street por delitos anteriores, não há nenhuma razão para que eles moderem seu comportamento. Como disse recentemente o chefe do Departamento de Serviços Financeiros de Nova York, Ben Lawsky: "Há maçãs podres nas grandes instituições que estão tentando avançar nos limites. Se eles acham que não vão sofrer grandes consequências, continuarão fazendo isso."
Do mesmo modo, o poder e o tamanho das maiores instituicões financeiras, que fizeram apenas crescer desde a crise, praticamente garantem impunidade. O Congresso e a Casa Branca ainda não se mexeram para cortar a dimensão desses monstros; o resultado é que suas estruturas corporativas se alastram e os torna quase praticamente indomáveis ao controle de riscos indevidos.

É revelador e triste que tenha demorado até as últimas semanas para os principais reguladores considerarem, publicamente, se Wall Street tem uma cultura de corrupção. Os sete pecados que Bob Ivry documenta em seu novo livro são praticamente uma descrição de um setor financeiro que deseja fazer lucros rápidos, ignorando coisas desagradáveis, tais como regras ou a vida das pessoas comuns, e descartando risco como batata quente. Vimos em 2008 que isso nos coloca a todos em perigo.

Glossário de conceitos financeiros, em inglês:
http://somo.nl/dossiers-en/sectors/financial/eu-financial-reforms/glossary#algotrading



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A campanha pelas TTF demanda uma taxa sobre as transações financeiras internacionais – mercados de câmbio, ações e derivativos. Com alíquotas menores que 1%, elas incidirão sobre um volume astronômico de recursos pois esses mercados giram trilhões de dólares por dia.

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