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Banqueiro revela como finanças dominam economia

“Há duas décadas, uma ação ficava quatro anos nas mãos do dono. Hoje fica 22 segundos”, conta executivo alemão em documentário exibido no festival Documenta Madri. Por Gregorio Belinchón, no El Pais

O arranha-céu está vazio. Um homem se aproxima de uma grande janela, da qual se veem outros edifícios que compõem o distrito financeiro de Frankfurt. O homem diz: “Em uma sala como esta, um lugar sagrado, uma ‘trade room’, caberia uma centena de ‘brokers’”. Assim se inicia o documentário ‘Master of universe’, o ‘Eu confesso’ de Rainer Voss, executivo alemão de um banco. Um homem que diante de uma câmara conta – sem dizer nomes, nem concretizar dados, para não quebrar a cara – como aconteceu a crise financeira de um ponto de vista único: o de um poderoso trabalhador de um banco de investimentos.

‘Master of the Universe’ foi apresentado no ‘Documenta Madrid’ (30 de abril-11 de maio), há duas semanas, e Voss apresentou suas sessões. O alemão deixou o banco em 2008 (após quase 20 anos de trabalho), quando, em seu último emprego – não diz o banco, mas um passeio pela Internet esclarece que foi o Deustche Bank –, acabaram arruinando sua vida.

Voss, que agora tem 55 anos, não é um radical, acredita no capitalismo, nos mercados de valores, gosta de ganhar dinheiro. “O que me enfurece é no que o sistema se converteu. Perverteu-se”.

Ele conta que em seu primeiro dia de trabalho, como trader, ganhou mais do que o seu pai engenheiro poupou em toda a sua carreira. Que em poucos dias fez a sua empresa ganhar muitos milhões de euros. “Meu trabalho? Vamos ver. Primeiro vem o Conselho de Administração, em seguida, um primeiro escalão, e depois um segundo: aí estava eu”. E começa a recordar sua vida e analisar a crise de forma iluminadora: “Criamos inovações financeiras. Conseguimos fazer com que a economia real se subordinasse à financeira. E, sobretudo, desregularizou-se o mercado. Não se engane: não existe o livre mercado. A crise é culpada pela desregularização? Não. É um pré-requisito? Claro”.

Voss ganhou muito dinheiro. Aprendeu inglês – hoje fala fluentemente –, comprou uma casa de verão na Catalunha, deixou de ver a família, dormia no escritório. “Não existe o mundo exterior. Você sai de férias com os colegas de trabalho, vai para festas com eles. De casa para o trabalho de carro”. E seguia acumulando lucros: “É fácil ganhar muito dinheiro com minúsculos movimentos de preços. Se você tem milhões de euros à sua disposição para investir, precisa apenas que o preço varie 0,0001% para obter grandes benefícios.

Na pirâmide alimentícia mercantil, empresas como Siemens ou Volkswagen são mais rápidas do que um banco. E abaixo delas estão as companhias intermediárias, os governos locais e os investidores privados. Há um velho ditado nas bolsas: os investidores privados sempre perdem. Às vezes ganham, mas é como jogar roleta”. E recorda: “Há duas décadas, uma ação ficava uns quatro anos nas mãos de seu dono. Hoje a média é de 22 segundos”.

Acesso ao trailer do filme e entrevista com Voss: http://goo.gl/mpuEwC

A tradução é do Cepat (Centro de Pesquisa e Apoio aos Trabalhadores), no site IHU Unisinos



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A campanha pelas TTF demanda uma taxa sobre as transações financeiras internacionais – mercados de câmbio, ações e derivativos. Com alíquotas menores que 1%, elas incidirão sobre um volume astronômico de recursos pois esses mercados giram trilhões de dólares por dia.

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