Marcha à Casa Branca para taxar Wall Street é neste sábado

Brasil está representado na manifestação, que passa pelo FMI, Banco Mundial e Departamento do Tesouro para demandar do governo Obama a Taxa Robin Hood. Por Inês Castilho

“Bancos e corporações de Wall Street arrecadam lucros recordes, enquanto nossas comunidades sofrem perda de emprego e corte nos programas públicos. Em vez de engordar os bolsos corporativos, esse dinheiro devia ir para programas de nossas crianças pequenas, aposentadoria da avó, nosso combalido sistema de saúde. É hora de o governo levantar-se com o povo para TAXAR WALL STREET.”

A crescente desigualdade dos Estados Unidos parece estar mesmo saltando à vista. Com essas palavras o movimento Robin Hood Tax USA – integrado por mais de 140 organizações, representando milhões de pessoas de sindicatos de trabalhadores, grupos religiosos, de advocacy em saúde, consumo, ativistas em moradia, ambientalistas, pequenos empresários e outros – convoca a população norte-americana para marchar em Washington rumo à Casa Branca, às 12h30 de 20 de abril. O encontro começa no Murrow Park, próximo à sede do Fundo Monetário Internacional, e passa pelo Banco Mundial e Departamento do Tesouro.

Um representante do Brasil participa da manifestação: Jocelio Drummond, secretário regional do IPS (ISP Americas), parceiro da campanha no Brasil. O objetivo é “demandar a taxação das transações financeiras dos mercados de Wall Street, e com o dinheiro cuidar das carências globais em saúde, investir na crise climática, emprego e educação”. Devem falar na marcha lideranças do Amigos da Terra (Friends of the Earth U.S), do IPS, do Amalgamated Transit Union, do HealthGAP e do National Nurses United (NNU) – maior organização de enfermeiras do país.

No Capitólio, o Ato da Prosperidade Inclusiva

Na quarta-feira da mesma semana (17 abr), diversos grupos encontraram-se no Capitólio, Congresso dos EUA, para apoiar a reintrodução do Inclusive Prosperity Act 2013 (Ato da Prosperidade Inclusiva), projeto de lei HR 1579, do parlamentar democrata Keith Ellison (D-Minn.), que incorpora os princípios e objetivos da campanha pela Taxa Robin Hood nos EUA – TTF, no Brasil.

Sob o guarda-chuva dos cuidados com a saúde, a demanda vem aglutinando movimentos e ganhando força – estimulada pela adoção da TTF por 11 países da União Europeia. No ato de reintrodução do projeto de lei, a copresidente das enfermeiras, Jean Ross, afirmou: “Todos testemunhamos o enorme apoio à taxação das transações financeiras neste país. A lei Ellison tem o suporte de milhões de membros de organizações que endossam a Taxa Robin Hood – pois ela tiraria o país da austeridade, com todo o mal que isso implica, e aumentaria a receita na escala necessária para reconstruir as comunidades que sofrem com o colapso financeiro de 2008."

“O Ato da Prosperidade Inclusiva, que estabelece uma modesta taxa sobre virtualmente todas as transações financeiras dos Estados Unidos, é uma iniciativa política enormemente importante, que mira em três de nossos principais problemas econômicos, hoje: austeridade, instabilidade financeira e desigualdade” – observou o economista Robert Pollin, da Universidade de Massachusetts-Amherst. A medida pode gerar até 300 bilhões de dólares por ano em receitas e desencorajaria a especulação nos mercados financeiros, ao aumentar os custos da jogatina de Wall Street.

Ocupando Wall Street

O Occupy Wall Street parece estar mesmo voltando à tona – agora multiplicado. Enquanto o deputado Keith Ellison reintroduzia seu projeto de lei para taxar Wall Street, no Congresso norte-americano vários parlamentares se manifestavam com relação ao movimento – informa Visão Socioambiental. “Sentimo-nos inspirados pelos crescentes movimentos de base em Wall Street e por todo o país. Partilhamos a raiva e a frustração de tantos norte-americanos que veem o enorme dano que uma Wall Street sem qualquer supervisão ou controle causa à vasta maioria dos norte-americanos, beneficiando só os super-ricos. Unimo-nos às vozes que clamam por mais transparência nas grandes corporações e empresas e mais oportunidades para a classe média” – disseram os deputados Keith Ellison e Raul Grijalva (D-Arizona). “Estou tão orgulhosa de ver o movimento Occupy Wall Street erguer-se contra a ganância rampante das grandes empresas, e participando pacificamente de nossa democracia”, disse a deputada Louise Slaughter (D-New York).

Estaremos assistindo a outra Primavera?

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